Endereço

Departamento de Direito
Avenida Peter Henry Rolfs, s/nº
Campus Universitário
36570.900 – Viçosa – MG – BR
Tel.: +55 (31) 3612-7350 / 7351
E-mail: dpd@ufv.br

Informativo

Departamento de Direito promove exposição “Das Árvores às Florestas, Das Folhas aos Versos” na Pinacoteca da UFV

Dia Mundial das Florestas e da Poesia- 21 de Março

cartaz - 1 medio

Todo dia 21 de março, a ONU celebra o Dia Mundial das Florestas com a finalidade de sensibilizar os seres humanos sobre a importância dos ecossistemas florestais para a manutenção da vida na Terra e a necessidade de preservação.

  As florestas são os ecossistemas mais evoluídos do planeta. São essenciais à manutenção da vida na Terra, abrigando grande parte de sua biodiversidade. Estima-se que dois terços de todas as espécies terrestres vivam em florestas ou dependam delas para sua  sobrevivência. Atualmente, cerca de 1,75 milhões de espécies de plantas, animais e fungos são conhecidos cientificamente. Contudo, estima-se que possa haver até 100 milhões de espécies, a maioria delas em florestas tropicais.

As florestas são responsáveis pela manutenção da maior parte das fontes de água doce. As matas de Áreas de Proteção Permanente (ciliares e de topos de morros) mantêm a integridade dos rios e reservatórios de água, além de proteger os solos da erosão e as águas da contaminação por resíduos de agrotóxicos.

As florestas são essenciais ao suprimento de necessidades básicas humanas, como água, alimento, medicamentos, combustível e madeira. Múltiplos são seus benefícios para a higidez ambiental e para o saudável funcionamento dos processos ecológicos essenciais (regulação do ciclo hidrológico, conservação do solo, mitigação da mudança do clima, proteção contra a desertificação e preservação da diversidade biológica).

   Usados sabiamente, os recursos florestais podem gerar benefícios econômicos, sociais e culturais inestimáveis. A destruição desse tesouro natural tem consequências de longo alcance para as pessoas, especialmente para as comunidades menos favorecidas  economicamente, que dependem das florestas para sua subsistência.

As florestas estão desaparecendo rapidamente dos biomas brasileiros. Segundo dados do Serviço Florestal Brasileiro (2012), o bioma Cerrado contava com apenas 12,57% de cobertura florestal, a Caatinga 9,08%, a Mata Atlântica 4,41%, o Pantanal 1,96% e o Pampa  0,62%. Portanto, o Brasil   caminha  aceleradamente para ser mais um país não florestal. A última fronteira florestal que resta é a Amazônia.

O desmatamento é o maior desastre ambiental da história do Brasil e um dos maiores do mundo. Os portugueses iniciaram a demolição da Floresta Atlântica. Seus descendentes e os imigrantes que aqui aportaram continuaram, paulatinamente, a destruição de uma das florestas mais ricas em biodiversidade do planeta. A Mata Atlântica compreendia área equivalente a 1.315.460 km2 e estendia-se originalmente ao longo de 17 Estados. Ela perdeu em torno de 96% de sua cobertura florestal original.

Da Floresta de Araucária – que por ocasião da invasão lusa se estendia numa faixa contínua, desde o sul de São Paulo até o norte do Rio Grande do Sul – restam menos de 3% de sua área original, incluindo as florestas exploradas e matas em regeneração. Menos de 1% da área original guarda as características da floresta primitiva. Atualmente a Floresta de Araucárias está à beira da extinção.

O Brasil é o líder mundial de destruição de florestas naturais. Desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988, quando a Floresta Amazônica ganhou status de patrimônio nacional, em seu art. 225, § 4º, o desmatamento acumulado na Amazônia Legal até 2017 alcançou a gigantesca cifra de 428.398 km2, território bem superior ao da Alemanha (357.168 km²). Infelizmente, mais da metade da área desmatada foi abandonada depois de degradada.

As matas do Cerrado são as mais ameaçadas do Brasil, em virtude da expansão da pecuária e da soja para exportação de carne e grãos, especialmente para a China. Além de não gerar progresso sustentável, o modelo vigente de ocupação do território deixa colossal passivo ambiental para as gerações futuras.

Desmatamento não é sinônimo de progresso. Vale lembrar que o Japão possui 60% de seu território coberto por florestas e é um país desenvolvido. Ao processo de dilapidação do patrimônio ambiental acima descrito não se pode chamar de “progresso”.

O Brasil está sobrevivendo de seu capital natural, quando deveria estar vivendo de suas rendas. A paisagem do Brasil foi transformada no maior museu do desmatamento do mundo, onde se destacam paisagens dominadas por solos e pastagens degradados. Dos seis biomas do país, em cinco as florestas foram quase completamente destruídas.

Será que esse será o maior legado dos brasileiros para a história da Terra e da humanidade? O Brasil possui a gigantesca área de 8.516.000 km², será que não existe espaço suficiente para conciliar conservação e preservação das florestas?

No dia mundial das florestas, 21 de março, a UNESCO comemora o Dia Mundial da Poesia e nos convida a refletir sobre o poder da linguagem poética e florescimento da capacidade criadora de cada pessoa.

A poesia é a manifestação da livre circulação de ideias através de palavras, bem como da criatividade e inovação. Ela contribui para a diversidade criativa ao questionar a forma como usamos palavras e as dádivas da natureza, bem como nossos modos de perceber e interpretar a realidade. Graças às suas associações, metáforas e gramática singular, a linguagem poética permite perceber novos caminhos e formas de ver o mundo.

O principal objetivo desta exposição é comemorar o Dia Mundial das Florestas e da Poesia através das expressões fotográfica e poética, chamando a atenção para a destruição das florestas naturais.

Os mais destacados poetas do mundo versaram sobre árvores e florestas. Octavio Paz, prêmio Nobel de Literatura, Fernando Pessoa, o poeta português Jorge Sousa Braga, o poeta e professor espanhol Martín Chico, entre outros. Carlos Drummond de Andrade denunciou a destruição da Mata Atlântica, exprimindo, em versos, a extinção das belas formas de vida do bioma. As transcrições abaixo são uma crítica ao modo de ocupação e aproveitamento dos biomas brasileiros e uma exortação à defesa das florestas e da vida:

De cada cem árvores antigas
Restam cinco testemunhas acusando
O inflexível carrasco secular.
Restam cinco, não mais.
Resta o fantasma
Da orgulhosa floresta primitiva.

(…)

O cantor-risada
Do japuguaçu
No alto da embaúba
Me deixa intrigado.
Ele ri de Quê?
Da mão que derruba
Seu ninho cuidado?
Vou adivinhar:
Se a ave ri, coitada,
É que, por destino,
Não sabe chorar.
A água serpeia entre musgos seculares.
Leva um recado de existência a homens surdos
E vai passando, vai dizendo
Que esta mata em redor é nossa companheira,
É pedaço de nós florescendo no chão.
(…)
Que rumor é esse na mata?
Por que se alarma a natureza?
Ai … É a moto-serra que mata,
Cortante, oxigênio e beleza.

A poesia é um dos símbolos da criatividade do espírito humano. Oxalá essas belas imagens e versos despertem sua sensibilidade para a beleza das árvores e das florestas, bem com de sua relevância para a Terra e a humanidade.

Seja a mudança que você quer para o
mundo. Atue ativamente contra a destruição das últimas
paisagens florestais do Brasil e da Terra!

Texto de Prof. Edson Ferreira de Carvalho  (DPD/UFV)

 

Esta exposição é dedicada especialmente aos estudantes, cuja criatividade, ideais e coragem devem ser mobilizados para criar uma parceria global com vistas a alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar futuro melhor para todos, conforme prescreve o princípio 21 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

A exposição integra as atividades do Projeto de Extensão PIBEX “Desenvolvimento da cultura de valorização das florestas naturais e observância voluntária da legislação ambiental: é melhor prevenir que reprimir”, coordenado pelo Prof. Edson Ferreira de Carvalho (DPD/UFV).

Para mais informação:  www.salveasflorestas.ufv.br

www2.dti.ufv.br/ccs_noticias/scripts/exibeNoticia2.php?codNot=28764&link=corpo


© 2020 Universidade Federal de Viçosa - Todos os Direitos Reservados